O objetivo desse post é resgatar um pouquinho da história de Mafra através da análise de cinco fotos, compartilhando com vocês um trabalho que fiz na faculdade, em 2016:
A primeira imagem analisada
é uma foto da antiga igreja matriz São José, no centro de Mafra. Ela compõe uma
matéria do professor e historiador Fábio de Mello sobre a história dessa
igreja, publicada no site “GuiaRioMafra”, em 2013.
Disponível em:http://www.guiariomafra.com.br/a-caminhada-para-a-construcao-da-igreja-matriz-sao-jose.
Não possui especificação de autoria, nem a data exata em que foi tirada. É um
retrato, em preto e branco, do exterior da igreja, onde podemos ver a lateral e
a frente da antiga construção, duas mulheres com vestido de comprimento midi
andando pela calçada e uma Kombi no acostamento. Conforme consta nessa matéria,
a matriz São José foi construída entre os anos de 1919 a 1929 e é a primeira
igreja de Mafra. Essa construção foi demolida em 1976, pois seu tamanho não
condizia mais com a quantidade de fiéis e, segundo análise da época, o desgaste
da estrutura inviabilizou uma possível reforma. Foi construída uma nova matriz
nesse lugar, entretanto não guarda nenhuma semelhança com a antiga. Da primeira
igreja de Mafra restaram apenas fotos como essa.
A segunda imagem é a oficina
da EFSPRG – Mafra:
Hoje, nesse local funciona a companhia
ferroviária e empresa de logística ALL. Retrata, em preto e branco, a oficina
ferroviária ao centro da foto, algumas poucas casas na vizinhança e um renque
de araucárias no fundo. Na parte inferior tem a legenda “Officinas da
EFSPRJ-Mafra” e a marca “Witt Foto”. Essa foto está disponível no site
“Estações Ferroviárias do Brasil”, onde relata o histórico da linha São
Francisco (Disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/sc-saofranc/mafra.htm). Segundo esse site, ela foi tirada, aproximadamente, em 1940. A linha São
Francisco foi parte importante nos caminhos da erva mate, sendo construída para
ligar o Porto de São Francisco do Sul ao Porto União, uma ramificação da
Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. O complexo ervateiro constituía a
principal fonte de renda no Planalto Norte e Norte catarinense entre o final do
século XIX até a década de 1940 (FILHO, MORAES, 2013). O trecho que passa por
Mafra foi inaugurado em 1913, época em que o território mafrense ainda era
parte do município de Rio Negro.
Além de fazer parte dos
caminhos da erva mate, Mafra era também um centro de beneficiamento do produto
(FILHO, MORAES, 2013). A terceira imagem é uma foto do “Engenho de Herva Matte
Flora”, em Mafra, uma filial da empresa Jordam, Gerken e Cia, de Joinville.
Essa foto está disponível no
site do jornal “ANotícia”, de Joinville, na coluna AN Memória (Disponível em: http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/noticia/2011/02/an-memoria-sabado-um-engenho-de-erva-mate-3205992.html),
entretanto essa matéria apenas mostra a foto, não traz nenhum histórico a
respeito, nem indica o autor e a data. É uma foto em preto e branco, onde
podemos ver a fachada do engenho e várias carroças, carregadas com barris de
erva mate, na frente, e pertence ao Arquivo Histórico de Joinville. Hoje, no
local onde funcionava esse engenho, é um bairro residencial, e sua construção
não foi preservada.
A quarta foto é do site
“ClickRioMafra”. Ela faz parte de uma matéria do Fabio de Mello intitulada: “
‘Anauê’: o Integralismo em Riomafra”, publicada em 2012.
Disponível em: http://www.clickriomafra.com.br/guia/fatos-historicos/anaue-o-integralismo-em-riomafra/.
Infelizmente não possui nenhuma legenda. Em outra publicação desse mesmo site,
em 2011: “Mafra 94 anos – Fotos históricas” (Disponível em: http://www.clickriomafra.com.br/portal/noticias/riomafra/?p=7166),
ela também aparece, mas apenas com a legenda “Integralistas”, de modo que não
tive acesso a informações como autoria da foto, local, ocasião, data e a quem
ela pertence atualmente. Trata-se de uma foto em preto e branco, onde se
encontra um grupo de pessoas reunidas em um pátio aberto, organizados em filas
horizontais com o braço direito estendido, quer dizer, estavam fazendo a
saudação “Anauê”, palavra indígena que significa “eis-me aqui”, em semelhança
ao “Heil Hitler” do nazismo alemão. A Ação
Integralista Brasileira (AIB), fundada em 1932 pelo jornalista Plínio Salgado,
tinha como lema “Deus, Pátria e Família” e teve, de acordo com a foto acima, representação considerável em
Riomafra. Era uma organização política de “extrema direita”, de muita afinidade
com as ideologias fascista italiana e nazista alemã. A AIB foi ilegalizada durante o Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937, mas permanece ativa no Brasil até hoje.
A última foto analisada
nesse trabalho é da capelinha da Cruz de São João Maria, na Praça Hercílio Luz,
centro de Mafra.
É uma foto atual, colorida, entretanto se trata de um monumento com
grande valor histórico para a cidade (disponível em: https://www.clickriomafra.com.br/portal/noticias/riomafra/?p=11845). Conforme Fabio de Mello conta, nesse mesmo link da foto, quando as tropas militares da Revolução Farroupilha estiveram aqui na região,
na década de 1840, trouxeram consigo a varíola. Foi uma epidemia terrível para
uma população com tão poucos recursos. Quando o monge São João Maria passou por
aqui, em 1851, orientou a população a colocar 19 cruzes em frente à antiga
Capela da Mata, e isso iria livrá-los não só da epidemia, mas também da fome e
da guerra. Como a epidemia realmente arrefeceu, as cruzes se tornaram símbolo
de um dos muitos milagres desse famoso monge. As 19 cruzes eram de madeira, de modo
que apenas uma resistiu a ação do tempo. Foi criado o município de Mafra em
1917, e no local onde a cruz está foi construída a Praça Hercílio Luz, de modo
que, em 1919, a administração municipal tentou transferi-la para o cemitério
municipal, por julgar um local mais adequado. Devido a protestos da população,
a cruz permaneceu em seu lugar original. Em 1920, ela foi transferida às
escondidas para o cemitério, entretanto, não se sabe como, em 1926 ela voltou
para seu lugar na Praça, o que foi considerado outro milagre, fortificando
ainda mais o seu caráter de símbolo da fé. Após esse episódio foi construída
uma capelinha para protegê-la, e assim seus restos permanecem até hoje, como
uma importante referência histórico-cultural da nossa região.
Referências:
FILHO; MORAES. A construção dos camunhos da erva-mate em Santa Catarina. Disponível em: http://www.periodicos.ufes.br/dimensoes/article/viewFile/7575/5252
Referências:
FILHO; MORAES. A construção dos camunhos da erva-mate em Santa Catarina. Disponível em: http://www.periodicos.ufes.br/dimensoes/article/viewFile/7575/5252
Os links das fotos foram acessados em: 12/09/2016.
Com certeza no ensino médio pode e deve ser usado, os alunos já possuem celular e internet, já dominam com mais facilidade . No ensino fundamental I e II dependerá da estrutura da escola com relação a acesso a internet.
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